[18 dias para o Switch 2] A volta da Nintendo ao Brasil [parte 1]

4 horas atrás • Project N • Via CoelhoNews.com: Seu agregador de notícias Nintendo
[18 dias para o Switch 2] A volta da Nintendo ao Brasil [parte 1]

A matéria saiu um pouquinho mais tarde do que o planejado, mas pense pelo lado bom: logo, logo o “18 dias” vira “17” e estaremos ainda mais perto do tão aguardado Switch 2!

Hoje, vamos falar sobre um tema que não é diretamente ligado ao novo console, mas que foi marcante durante o ciclo de vida do Nintendo Switch, um ciclo que durou pouco mais de 6 anos, mas que por vezes pareceu uma eternidade. Foram anos comemorados com uma efusividade que merece destaque em nossa contagem regressiva especial.

Vamos relembrar o fatídico janeiro de 2015, quando a Nintendo decidiu sair oficialmente do Brasil, até o comemorado setembro de 2020, quando sua volta foi finalmente confirmada. Por que a empresa saiu? O que motivou sua volta? Como era a presença da Big N por aqui antes do hiato, e como tem sido desde seu retorno?

Vem com a gente!

A era Wii U e a saída do Brasil

A época do Nintendo Wii U foi traumática para a Big N em termos comerciai,  mas foi ainda mais difícil para os nintendistas brasileiros. Em 2015, vimos a empresa deixar oficialmente o país, em um momento já bastante complicado para os fãs que tentavam acompanhar a geração vigente.

Mesmo com todos os pesares, o Brasil era (e ainda é) um dos mercados que mais consomem videogames no mundo. Em 2014, o setor de games movimentou impressionantes US$ 66 bilhões em vendas globais. Desse total, o Brasil foi responsável por cerca de US$ 1 bilhão, um número bastante expressivo para época

Pra se ter uma ideia do crescimento acelerado do setor por aqui, entre 2009 e 2014 as vendas de jogos online cresceram 256%, enquanto os chamados “joguinhos mobile”, em tablets e celulares, dispararam em 780%.

Mas se o mercado era tão promissor… por que a Nintendo saiu?

A resposta passa por uma combinação de fatores, mas o mais citado pela empresa na época foi a alta carga tributária brasileira.

Entre 2011 e 2015, a Gaming do Brasil foi a empresa responsável pela distribuição oficial dos consoles e jogos da Nintendo no país. Ela era uma subsidiária da Juegos de Video Latinoamérica, GmbH, que representa a Big N em toda a América Latina (e que seguiu operando em outros países mesmo após a saída do Brasil).

A explicação oficial veio por meio do então ( e ainda atual) diretor e gerente geral para a América Latina da Nintendo of America, Bill van Zyll. Segundo ele, as altas tarifas de importação e os custos operacionais inviabilizavam a continuidade dos negócios no Brasil. E, como muitos de vocês devem lembrar, esse também foi um período de dificuldades globais para a empresa: o Wii U enfrentava baixas vendas e recepção morna em praticamente todos os mercados.

A combinação de um console que não decolou, uma crise econômica local e um sistema tributário desfavorável acabou por forçar uma retirada estratégica.

O Brasil é um mercado importante para a Nintendo e lar de muitos fãs apaixonados mas, infelizmente, desafios no ambiente local de negócios fizeram nosso modelo de distribuição atual no país insustentável

Os desafios incluem as altas tarifas sobre importação que se aplicam ao nosso setor e a nossa decisão de não ter uma operação de fabricação local”. “Trabalhando junto com a Juegos de Video Latinoamérica, iremos monitorar a evolução do ambiente de negócios e avaliar a melhor maneira de servir nossos fãs brasileiros no futuro

Bill van Zyll

Antes de seguirmos com nossa linha do tempo, é importante entender por que é tão difícil para empresas como a Nintendo operarem por aqui — e por que o preço de um videogame no Brasil assusta tanto.

No nosso país, vários impostos incidem sobre videogames e acessórios. Entre eles, estão:

  • IPI:Incide sobre produtos industrializados, como consoles, máquinas de jogos e acessórios, com alíquotas que podem variar. Em agosto de 2021, o governo reduziu as alíquotas do IPI sobre consoles e máquinas de jogos de vídeo de 30% para 20%.
  • ICMS:É um imposto estadual que incide sobre a circulação de mercadorias e serviços, incluindo games.
  • PIS/COFINS:São contribuições federais sobre a receita bruta das empresas, incluindo desenvolvedoras e distribuidores de games.
  • ISS:Incide sobre os serviços prestados por operadores de apostas, que podem ter uma alíquota que varia de 2% a 5%, segundo a Lei em Campo.

Sim, gente tudo isso!. E muitas vezes, esses tributos se sobrepõem ou variam de estado para estado, o que torna ainda mais complexa a operação comercial de produtos importados, como os consoles da Nintendo. Na prática, isso significa que o valor final para o consumidor pode dobrar ou até triplicar em relação ao preço original lá fora. É curioso, mas existe uma “lei não oficial” (na verdade, ta mais pra teoria da conspiração) entre os gamers brasileiros: a famosa regra do x10. Quer saber quanto um console vai custar no Brasil? Basta colocar um zero a mais no preço dos EUA  e, pasmem, foi exatamente isso que “aconteceu” com o Switch 2.

Essa carga tributária pesadíssima foi um dos principais motivos da saída da empresa em 2015, e é um desafio constante até hoje, mesmo com o retorno oficial.

Retornando à história…

Na época do anúncio, Bill lamentou a saída da empresa do Brasil e reconheceu a importância do nosso mercado.

Em entrevista ao portal G1, ele destacou que o país sempre teve uma comunidade apaixonada e uma base significativa de consumidores, mas que infelizmente as condições econômicas e os altos impostos tornaram insustentável a operação naquele momento.

O Brasil é um mercado único por causa do seu tamanho e potencial. E isso cria desafios únicos. O que eu posso dizer é que olhamos continuamente para o modelo de importação. E nos vimos forçados a repensar esse modelo. Determinamos que ele simplesmente não é sustentável”, afirma van Zyll. “Por causa desses custos, não somos capazes de levar nossos produtos aos consumidores brasileiros a um preço e a um custo que faça sentido

Se os impostos são o grande vilão da história, por que a Nintendo simplesmente não trouxe a fabricação dos consoles para o Brasil? Afinal, esse é um debate que volta e meia ressurge,  inclusive agora, com os rumores e discussões sobre o Switch 2. Parece familiar, não é?

[18 dias para o Switch 2] A volta da Nintendo ao Brasil [parte 1]
Bill van Zyll

Pois bem, segundo o próprio tio Bill, não era tão simples assim.

Em entrevistas na época, ele reconheceu que havia sim uma “nova ordem mundial” na indústria, onde muitas empresas buscavam alternativas de produção local para reduzir custos e driblar barreiras fiscais. Mas, no caso da Nintendo, as condições internas não permitiam essa movimentação naquele momento.

A empresa ainda se recuperava financeiramente após o desempenho abaixo do esperado do Wii U, e estava cautelosa com investimentos de grande porte, especialmente em regiões com instabilidade econômica e jurídica, como era (e ainda é, em muitos aspectos) o caso do Brasil.

Ou seja: a intenção até podia existir, mas a estrutura e o momento não colaboravam.

Como você pode imaginar, estabelecer um processo local de fabricação é complexo e caro. Não é simples. É algo que pensamos e avaliamos e, no final, por conta de uma série de fatores, analisamos que o custo benefício da produção local não é a solução certa…Em um momento, a norma era importar. Todos estavam importando. E os preços eram altos. Mas isso mudou. A nova realidade é que algumas companhias estão fabricando localmente e os preços abaixaram. E nessa nova realidade, nós continuamos importando e não conseguimos os preços certos

Diante de tantos pesares, uma coisa era certa: quem sairia mais abalado dessa história seria o cidadão brasileiro. O nintendista apaixonado, que acompanha cada Direct com brilho nos olhos, que faz fila virtual em pré-venda, que vibra com um novo Zelda, se emociona com Mario, se diverte com Kirby e defende a Big N com unhas e dentes nas redes sociais, esse foi quem ficou desamparado.

Não era só pela falta dos jogos em si. Era também pelo sentimento de exclusão, pelo peso de saber que o amor por uma marca esbarrava, mais uma vez, em uma realidade injusta e desigual. Afinal, a carga tributária não impacta só os videogames, ela pesa em tudo, e o sonho de ter acesso fácil e justo aos consoles e jogos virou, por muito tempo, um verdadeiro desafio. (E que não é algo apenas de  10 anos atrás não é?)

essa paixão é realmente especial e minha mensagem é de gratidão pelos últimos anos” – e diz que “o objetivo é voltar a vender oficialmente” no Brasil. “Temos um longo relacionamento com os ‘Nintendistas’. Somos uma empresa paciente. Precisamos apenas das circunstâncias certas

Vamos fazer uma pausa por aqui, afinal, a história é longa, e cada capítulo merece seu devido destaque.

Hoje, relembramos a saída da Nintendo do Brasil, os impactos para o mercado e, principalmente, para o coração dos fãs. Foi um período de incertezas, de resistência e de muita paixão colocada à prova.

Mas amanhã voltamos com a segunda parte dessa jornada, contando em detalhes como foi possível o tão aguardado retorno da Nintendo ao Brasil, mesmo diante de um cenário econômico ainda desafiador. Vamos revisitar setembro de 2020, entender o que mudou e, claro, celebrar o reencontro da Big N com seus fãs brasileiros.

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